segunda-feira, 28 de junho de 2010

Realismo, imersão e mais emoção cativam consumidores do 3D

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Realismo, imersão e mais emoção são as razões apontadas para justificar o crescente interesse do público nas produções 3D, de acordo com um estudo conduzido pela PricewaterhouseCoopers no ano passado.

A pesquisa sobre entretenimento 3D ouviu mais de 90 envolvidos com a tecnologia em diversos setores, como estúdios de cinema, distribuidores de filmes, empresas de games e produção de televisão, além de fornecedores de equipamentos técnicos. O estudo listou alguns fatores que vão contribuir para o crescimento do mercado de 3D, embora ainda seja incerto o futuro da tecnologia em alguns formatos, como a televisão.
A melhor qualidade de imagem e a adoção de 3D digital, que torna mais fácil a adaptação de salas de cinema à tecnologia, é o primeiro fator apontado para impulsionar a tecnologia. Além disso, espectadores dos Estados Unidos e Europa se mostraram dispostos a pagar mais para assistir a produções em 3D. No Brasil, os principais exibidores têm cobrado um valor adicional entre R$ 5 e R$ 8.

O upgrade para high definition também removeu muitos obstáculos técnicos para produções em 3D. Outro fator, é que está crescendo o uso de recursos computadorizados que permitem a conversão de produções em 3D com custos extras limitados.

"Cada vez mais, a tecnologia 3D é aprimorada e o público se interessa por este tipo de filme. A oferta de filmes 3D também aumentou. Ano passado tínhamos um filme por mês, este ano já tivemos dois filmes com esta tecnologia em cartaz ao mesmo tempo", diz a diretora de Marketing da Rede Cinemark, Bettina Boklis.

O conceito de imagens em três dimensões tem quase um século, mas se tornou mais popular na década de 1950. Trinta anos mais tarde, houve um novo boom, liderado pelo Imax. Nos últimos anos houve um renascimento da tecnologia, com o surgimento de animações em 3D.

"É uma onda que parece mais duradoura que as anteriores. A situação é bem diferente do passado, as experiências antes não estavam conectadas com a produção. O 3D conquistou espectadores e a produção", diz Adhemar de Oliveira, diretor de programação do Grupo Espaço Unibanco e Imax.

O Imax começou a funcionar em São Paulo em 15 de janeiro de 2009 e só tem o que comemorar. Uma conjunção de fatores, como tela gigante, disposição dos assentos e som especial, permite uma imersão ainda maior nos filmes 3D. "O primeiro ano foi um sucesso e no segundo ano cresceu mais 40%", diz Oliveira. O investimento para abrir o Imax no Shopping Bourbon Pompeia foi de R$ 6 milhões.

O conjunto de aparelhos e softwares para adaptar salas pequenas de cinemas comuns à exibição de 3D custa de US$ 115 mil a US$ 130 mil, mais impostos e frete. Para receber um filme 3D, uma sala do tipo Dolby pode ficar com a mesma tela, precisa dar um upgrade no som e trocar projetor. O custo inclui ainda a aquisição dos óculos e a máquina de higienização. "É um reinvestimento numa sala, mas é um custo que compensa. Até porque o preço do ingresso 3D é maior", diz Oliveira. "Já tivemos sala com 100% de ocupação no mês, o que é raro num cinema."

O estudo da PricewaterhouseCoopers identifica algumas áreas onde o 3D pode se tornar popular mais rapidamente. Jovens que gostam de games de corrida de carros e lutas e os que vão ao cinema ver filmes de terror, animação e shows são os que mais devem se interessar por opções em 3D. Há ainda consumidores dispostos a pagar para assistir pela televisão jogos ao vivo e shows em 3D, além de pessoas que querem repetir em casa a experiência com filmes vistos no cinema.

A previsão é de que o entretenimento em 3D deva ter um crescimento liderado pelos filmes em 2011. A adoção em massa de tevês 3D não é esperada antes de 2012. A procura por equipamentos domésticos vai depender da oferta de conteúdo em 3D, em vídeos ou programação especial na TV.

As experiências para oferecer 3D na televisão também já começaram. A Sony em parceria com a Fifa está captando em 3D imagens de 25 partidas da Copa do Mundo, utilizando câmeras profissionais da marca.

Outra ação foi a captação e geração do sinal em 3D do Carnaval 2010, dentro do sambódromo do Rio de Janeiro, em conjunto com a TV Globo. Com a Rede Bandeirantes, a empresa fez a captação das imagens da Fórmula Indy, a primeira corrida em 3D no mundo.

Fora do Brasil, a empresa já firmou parceria com o canal esportivo ESPN para transmissão de jogos em 3D e com o Discovery Channel para criação de documentários. As imagens que hoje saltam das telas dos cinemas podem estar em breve na sala de estar.

Mercado se movimenta e amplia tecnologia 3D

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As imagens que saltam da tela e levam o espectador para dentro do filme estão movimentando o mercado de tecnologia 3D. As produções em terceira dimensão caíram no gosto do público, que não se importa em pagar mais pelo ingresso. Para atender a demanda, cada vez mais salas de cinema são adaptadas para as sessões especiais.

A experiência tem agradado tanto que já pode ser levada para casa. Televisores e games em 3D estão chegando às lojas. Em breve, até celulares contarão com o recurso. A tecnologia vai girando a roda da economia produzindo também equipamentos e acessórios próprios, como câmeras para filmagens em 3D, projetores, home theater, Blu-ray player e novas versões dos famosos óculos. Houve época em que eram de papelão, agora até já se fala em vender óculos 3D para que cada espectador vá ao cinema com o seu, inclusive, com correção de grau.
Hoje há no país 140 salas de cinema 3D, só em 2009 foram inauguradas 70 delas. E com elas cresceu também o público, que vinha caindo desde 2004. Os cinemas receberam 112,7 milhões de espectadores em 2009, ante 89,1 milhões no ano anterior.

Os filmes que renderam maior bilheteria em 2010 nos cinemas nacionais até este mês são justamente duas produções em 3D: "Avatar" e "Alice no País das Maravilhas". A renda geral com a arrecadação bruta da venda dos ingressos também subiu. Em 2005 foi de R$ 672 milhões e pulou para R$ 970,4 milhões em 2009, de acordo com levantamento do Filme B, portal especializado em mercado de cinema no Brasil.

"O público quer experiências impactantes, interativas e únicas. Os números comprovam a adesão a esse formato de cinema e nos motivam a investir em mais salas com esta tecnologia", diz a diretora de Marketing da Rede Cinemark, Bettina Boklis. A empresa mantém atualmente 49 salas no Brasil com projetor digital 3D.

Estudo da PricewaterhouseCoopers prevê que o entusiasmo com o 3D vai continuar. Como os ingressos são mais caros e mais gente está indo ao cinema, as bilheterias devem crescer 5,8% ao ano na América do Norte, passando de US$ 11,5 bilhões em 2009 para US$ 15,3 bilhões em 2014.

Na América Latina não deve ser diferente. Com o aumento da oferta de filmes digitais e 3D, além do incentivo a produções locais, as bilheterias devem ir de US$ 1,4 bilhão em 2009 para 1,9 bilhão em 2014, crescimento de 5,3% ao ano.

"O 3D colocou grande dose de espetáculo no universo do cinema e virou um fenômeno mundial", diz Adhemar de Oliveira, diretor de programação do Grupo Espaço Unibanco e Imax. "O interesse é grande porque o 3D torna o filme único, não tem pirataria neste formato."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Menos tensão, mais tônus


Folha de S. Paulo - Caderno Equilíbrio

Uma dor nas costas que chegava a causar dormência no braço incomodava o ilustrador Marcelo Almeida, 33. Os ombros dele estavam sempre encolhidos.

"Para mim, aquele estado de tensão era normal", diz. Depois das aulas de eutonia, ele se policia. "Agora, quando vejo TV, me dou conta que preciso soltar o ombro."


Na sessão de terapia corporal, a eutonista Maria Bortolo fala da importância do alinhamento ósseo

Eutonia é a terapia que busca equilibrar tensões do corpo por meio da consciência óssea e de estímulos sensoriais. Seu princípio: a tensão deve variar, flutuar sempre (eutonia significa "tensão harmoniosa"). Para ler, você não deve empregar a mesma força exigida em uma atividade física. Se o tônus ficar sempre alto, virão dores. Se for baixo demais, você beira o estado depressivo.

Um dos fundamentos é o contato da pessoa com o corpo. Além do toque, feito pelo eutonista ou o próprio aluno, são usados materiais para intensificar as sensações.

Bolinhas massageiam os pés, almofadas sob a coluna ajudam a perceber pontos doloridos, bambus "acordam" os ossos e massinhas de modelar são úteis para que o aluno molde a imagem que tem do próprio corpo.

PESQUISA SENSORIAL

Esse foco nas informações sensoriais é o "diferencial" da eutonia em relação a RPG, pilates ou antiginástica, diz a professora da Faculdade de Medicina da USP, Isabel Sacco, que dá aula no curso de formação de eutonistas.

Nesse método, o essencial é estar atento a cada sensação produzida pelo gesto ou pelo tato. "Quem faz eutonia pesquisa seu corpo", explica a eutonista Maria Thereza Bortolo.

Outro ponto é levar esse aprendizado para o dia a dia. Aproveitar a consciência corporal para melhorar a postura à frente do computador, por exemplo.

A fotógrafa Beatriz Serranoni, 37, faz aulas há seis meses. O peso do equipamento que carrega fez com que ganhasse artrose no pescoço.

"Com a eutonia, descobri que o meu problema não é só no pescoço. Sou toda tensa."

Não há, na eutonia, exercícios que exijam grande esforço. A aula termina sem suor, mas sem sonolência. "A sensação é de estado de prontidão", diz Márcia Bozon de Campos, da Associação Brasileira de Eutonia.

Trata-se de terapia corporal, mas que influencia o humor, segundo Márcia, que além de presidir a entidade é psicóloga e psicanalista de formação. "É útil nas desordens psicossomáticas", diz.

Quem se dedica à dança tem na eutonia uma aliada. A eutonista Miriam Dascal, bailarina, dá aula para colegas interessados em aprofundar suas capacidades corporais.

Já o eutonista Daniel Matos conheceu a técnica quando pretendia ser pianista de concerto. Estudar 10 horas por dia acabou lhe rendendo dor crônica nas costas. Hoje, ensina eutonia a músicos.

Para Matos, a rigidez na educação costuma ser fonte de dores, porque muitas possibilidades corporais nem são consideradas. "Temos nossa história impressa no corpo. A eutonia dá a chance de rever condicionamentos."

Limitação causou criação da técnica

A alemã Gerda Alexander queria ser bailarina, mas aos 16 teve endocardite, inflamação no coração. Foi proibida de se exercitar, não podia acelerar os batimentos cardíacos nem a respiração. Passou a pesquisar um jeito de usar o corpo sem desgaste. Estudou estruturas ósseas e efeitos de estímulos na pele, descobrindo como usar o tônus muscular no cotidiano. Na Segunda Guerra, Gerda mudou-se para a Dinamarca, onde viveu até a morte, em 94. Lá, fundou a primeira escola de eutonia. A técnica chegou à América Latina nos anos 70.

Onde, como, quanto

Uma sessão de eutonia custa, em média, de R$ 140 a R$ 220, dependendo do profissional. Aulas em grupo são mais em conta e duram cerca de uma hora e meia, enquanto sessões particulares têm duração de uma hora. Indicação de eutonistas e informações sobre cursos de formação podem ser obtidas no site da associação (www.eutonia.org.br) ou pelos telefones (11) 3085-1592 e 3815-0619. A eutonista Miriam Dascal faz workshop no próximo dia 27 (informações no site www.miriamdascal.com.br)