sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quem paga a conta?

Revista Você S/A

Irene Ruberti

A batalha diária da múltipla jornada feminina tem surtido efeito: as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho em praticamente todos os setores -e muitas já exibem o maior salário da casa. De acordo com estudo divulgado em setembro deste ano pelo IBGE, 25,7% das mulheres têm hoje salário igual ou maior que o do marido no Brasil. Esse porcentual faz parte de um universo de 13 milhões de casais onde o homem é apontado como chefe da casa e a mulher também trabalha. O Brasil tem ainda mais 5 milhões de casais nos quais a mulher é apresentada como chefe da casa.Sem a sombra da submissão, muitas não querem mais sacar o cartão de crédito da bolsa para bancar os maridos. Outras não ligam à mínima para o dilema de quem paga a conta e ainda há as que fariam de tudo para que os maridos não se considerassem os coitadinhos que ganham menos. A sensação para muitos casais é que mudaram a ordem das coisas e esqueceram de avisar aos protagonistas. E agora, quem paga a conta?

Coordenadora administrativa de uma empresa de planos de saúde de São Paulo, Claudia Donegati, de 44 anos, tinha um salário quase igual ao do marido até receber uma promoção. O contracheque engordou, Claudia ficou satisfeita com o reconhecimento profissional, mas acabou arranjando uma dor de cabeça em casa. “Meu marido se sentiu inferiorizado com a situação, o relacionamento deu uma balançada”, conta. Depois de muita conversa e terapia, ela conseguiu reverter a situação e hoje pode contar com o parceiro até na divisão das tarefas domésticas. “Essa situação não é fácil para o homem e ele tende a se sentir inferiorizado. É preciso muita habilidade da mulher para que eles consigam viver essa discrepância sem arranhões”, afirma o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, de São Paulo.

O marido de Claudia trabalha como autônomo na área de transportes executivos. Com salário mais alto, Claudia arca com uma parte maior das despesas domésticas, principalmente porque faz questão de investir na educação dos filhos, gêmeos de 17 anos.

“Quando engravidei, ninguém achava que eu fosse continuar me dedicando à carreira”, conta. Para voltar ao trabalho no fim da licença-maternidade, precisou dispensar a empregada doméstica para poder contratar uma babá. Isso significava ter de cozinhar e limpar a casa quando voltava do emprego.

Claudia optou pela babá porque os meninos nasceram prematuros. Só quando completaram 1 ano de idade ela se sentiu segura para colocá-los em um berçário. “Aí ficavam o dia inteiro na escolinha, período integral”. Nessa época, ela e o marido dividiam as despesas de casa meio a meio.

Depois da promoção, levou quase três anos para que ele aceitasse bem o fato de ter uma parceira tão bem sucedida profissionalmente. “O mais difícil para ele era entender que eu tinha mais compromissos, reclamava que eu demorava a chegar em casa e tinha pouco tempo para ele”, lembra. Claudia buscou ajuda em sessões de terapia individual durante dois anos. “Aos poucos, com muita conversa e paciência fui conseguindo mostrar para ele o outro lado e o que estava sentindo”.

Quando a mulher ganha mais, o problema não se limita ao fator financeiro. Primeiro porque dinheiro significa poder. Quem manda é o titular do cartão e não o dependente. Outro problema é lidar com a inversão de papéis. “A partir do momento que a mulher tem uma renda maior, ela passa a delegar parte das atribuições domésticas para o marido e nem todos os homens estão prontos para isso, o que pode deixar a relação conturbada”, afirma a professora de economia e pesquisadora do Insper, Regina Madalozzo. Segundo ela, mesmo que tenha uma rede de suporte bem estruturada, com empregada, babá e motorista, a mulher nem sempre consegue gerenciar tudo sozinha. “Se cabe ao homem levar o filho ao pediatra, ir à reunião da escola ou receber um prestador de serviço em casa ele se sente exposto”, diz.

O poder financeiro dá à mulher o direito de tomar algumas decisões sozinhas, o que se torna outra fonte de conflitos do casal. “Quando as mulheres ganham mais, elas passam automaticamente a gastar mais com a casa, querem comprar coisas novas, elas têm poder de decidir sozinha e isso para o homem é complicadíssimo”, afirma a diretora de RH e Consultoria da Ricardo Xavier, Neli Barboza. “O homem teoricamente cresceu para ter poder, copiando o modelo do pai e do avô. Quando vê que na casa dele está sendo diferente se pergunta o que está fazendo de errado”, diz.



Sem neura



Durante dois anos e meio, a analista de cobrança Rosemeire Gaspar Thomé, de 45 anos, bancou sozinha as despesas da casa enquanto seu marido, que atua na área de comércio exterior, estava desempregado. Conversou com os filhos, hoje uma garota de 21 anos e um menino de 9 anos, cortaram despesas e não fizeram dívidas.

“Ele foi muito compreensivo, lidou bem com a situação e começou a ajudar com as tarefas da casa, coisa que não fazia antes”, diz. Segundo ela, a situação até fortaleceu o relacionamento dos dois, que moram em São Paulo. “Sempre houve diálogo”, conta. Aos 50 anos de idade, seu marido teve dificuldades para conseguir uma recolocação, mas conseguiu um novo emprego, há dois meses. O salário é metade do que Rosemeire ganha. “Temos uma conta corrente só para administrar os gastos e nunca teve neura”, diz.



Para a psicóloga Ilana Lissker, sócia da empresa de recrutamento de executivos Search Consultoria em Recursos Humanos, o suporte do marido é fundamental. “Se tem trabalho, casa e filhos para cuidar, sem apoio fica difícil equilibrar todos esses pratos, principalmente as executivas que têm jornada longa e viajam muito precisam de alguém em casa que ajude”, afirma. Ela diz que tem visto cada vez mais maridos que compreendem e aceitam a situação. “Eles respeitam, ajudam e têm papel fundamental para que as mulheres tenham conseguido chegar onde chegaram.”

Pode ser difícil para a mulher deixar os problemas em casa quando sai para trabalhar. “A vida é uma só, não tem como não levar um pouco para a empresa”, diz Neli. Pressionada e criticada pelo cônjuge, a mulher pode se tornar menos ambiciosa com a carreira. “É preciso tomar cuidado para que o problema não afete a busca pelo crescimento profissional, sendo uma questão de retração. Na cabeça da mulher, existirá uma perda se avançar mais na carreira”.



Ora ele, ora ela paga a conta

Sócia em uma empresa de consultoria de negócios sustentáveis em São Paulo, Melissa Pimentel, de 40 anos, já viu seu casamento de 16 anos passar por todas as fases quando o assunto é dinheiro. Seu marido, que é arquiteto, era quem ganhava mais no início do relacionamento. Quando Melissa conseguiu uma bolsa de estudos para fazer mestrado em Londres, ele largou o emprego para acompanhá-la e estudar inglês.

Um ano depois, de volta ao Brasil, a situação se inverteu. “Eu retornei em outro patamar, surgiu a oportunidade de trabalhar em uma grande empresa e ser bem remunerada”, conta. Durante sete anos, ela ganhou mais do que ele e bancava os custos fixos da casa. “Ele não é um homem machista e realmente não se importou nem se sentiu ofendido, mas lembro que nessa época tinha momentos que eu dava tudo para que a situação se invertesse”, lembra. Quando um dos dois ganha mais do que o outro, muda o ponto de equilíbrio. As conversas passam a girar em torno de dinheiro, quando na verdade esse assunto deveria ser apenas mais um nas conversas. “Ganhar mais não pode significar mais poder de barganha sobre o outro e isso nunca acontece”.

Até que Melissa decidiu abrir mão da estabilidade para ter mais tempo para cuidar do filho pequeno, agora com 5 anos. Ela foi ser sócia na empresa de consultoria e ele abriu um escritório de arquitetura e construtora. Agora, os rendimentos são variáveis, ora um ganha mais, ora outro, dependendo do projeto. “Os arranjos são possíveis de serem refeitos durante toda a vida de um casal e o ideal é ter uma situação equilibrada”, afirma. “É preciso lembrar que o dinheiro é um meio, não um fim”.




Acertando as contas

Dicas para administrar o orçamento – e evitar stress – quando ela ganha mais do que ele:

1. Para evitar ainda mais desgastes e desentendimentos, o casal deve definir uma estratégia financeira para o orçamento doméstico. “Nem homens nem mulheres estão acostumados com essa nova situação, potencial geradora de conflitos”, diz o consultor financeiro Marcos Silvestre, autor do livro “Doze Meses para Enriquecer”.

2. Em primeiro lugar, os gastos devem ser divididos em despesas do dia-a-dia e investimentos para formação de patrimônio. Para pagar as contas do cotidiano, ele recomenda a abertura de uma conta conjunta. Cada cônjuge pode continuar com suas contas-salário e individuais, mas nessa conta conjunta vão concentrar os pagamentos da família.

3. A orientação é que o casal calcule quanto é necessário para cobrir as despesas da casa e cada um faça depósitos mensais nessa conta. O valor vai depender de um acordo entre os dois. Pode ser definido que cada um fique responsável por 50% dos gastos, por exemplo. “Isso elimina problemas na raiz, o que está na conta conjunta deixa de ser meu ou seu, é nosso”, afirma.

4. Outra opção é fazer um cálculo na base da proporção de quanto cada um ganha. Se a mulher tem um rendimento 30% maior ela contribui com 30% a mais para abastecer a conta conjunta. “Essa fórmula costuma dar mais certo, é uma saída mais justa e não gera tantos questionamentos.”

5. Concentrar os pagamentos na conta conjunta evita problemas comuns quando cada um dos cônjuges assume certas despesas da casa. “Se o marido é o responsável pelo pagamento da conta de luz e o gasto começa a subir ele vai reclamar que está ficando pesado assumir a despesa”, diz.

6. Do que sobra nas contas individuais, uma parte deve ficar na reserva para despesas adicionais e o resto vai para um investimento comum. “Se é um casamento em regime de comunhão parcial ou total de bens, ou ainda uma união estável, o patrimônio é comum dos dois”, diz Silvestre.

7. O casal deve traçar uma estratégia de investimento, com vista aos seus sonhos de consumo. Um dos cônjuges pode ficar responsável pela parte burocrática das aplicações, mas é importante que o plano seja traçado em acordo pelos dois. “Os projetos devem ser distribuídos no tempo, como uma aposentadoria em 20 anos e uma casa de praia em 8 anos, estabelecendo uma mensalidade para cada sonho”, explica.

domingo, 26 de setembro de 2010

Vai comprar imóvel? Aproveite e almoce

Irene Ruberti - O Estado de S.Paulo

Plantas de apartamentos, maquetes e tabelas de preços deixaram de ser acompanhadas apenas pelo tradicional cafezinho nos estandes de vendas de imóveis. Agora, quem vai conhecer um novo empreendimento é recebido com comes e bebes cada vez mais variados. As incorporadoras oferecem chocolates, sorvetes, promovem brunches e festivais gastronômicos, com risotos ou pizzas. Não faltam nem feijoada e churrasco nos menus.


Os apartamentos decorados deixaram de ser as únicas atrações. O sonho da casa própria agora é embalado por um clima de festa, em espaços amplos, com mesas e sofás. Quem foi no último fim de semana conhecer o residencial Casa das Caldeiras, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, encontrou uma farta mesa de sanduíches, doces da Cristallo, cascata de chocolate para acompanhar frutas, além de refrigerantes e chá gelado.

Enquanto o marido conversava com um corretor, Carla Rabinovich brincava com o filho Felipe, de 1 ano e 10 meses, no espaço infantil, equipado com vários brinquedos, onde um monitor fazia esculturas com bolas de bexiga. "É a primeira vez que venho e não sabia que tinha toda essa estrutura. Achei interessante."

"O evento é pano de fundo, a intenção é tornar o ambiente mais agradável. Ao se sentir mais confortável, o comprador fica disposto a ver o empreendimento com mais atenção", afirma João Mendes Silveira de Almeida, diretor comercial da Setin, responsável pela obra. No começo do mês, o festival do risoto no empreendimento atraiu 400 visitas no fim de semana. "Considerando que cada visita estava acompanhada de pelo menos mais uma pessoa, é um retorno interessante", diz o diretor.

Segundo ele, os festivais gastronômicos promovidos pela empresa se intensificaram desde o ano passado. No caso do Casa das Caldeiras, já foram vendidas todas as 535 salas comerciais e a empresa se prepara para lançar os 384 apartamentos residenciais. A Setin planeja fazer degustações em outros dois empreendimentos, que serão lançados em breve, nas cidades de Diadema, no ABC paulista, e em Campinas, no interior.

Eventos. No Rio, o chef Olivier Anquier foi a estrela do lançamento de um residencial da Gafisa na Barra da Tijuca, zona oeste. Além de fazer uma salada e um sanduíche, ele distribuiu um livro com dicas e receitas. "Eventos como esses geram uma curiosidade no público", afirma o diretor de marketing e vendas da empresa, Luiz Carlos Siciliano . "Estamos sempre procurando fórmulas novas para que as promoções não se tornem repetitivas."

Em São Paulo, a Yuny fez um coquetel com finger food (canapés quentes e frios), pratos quentes, espumante, uísque Johnnie Walker Black Label, além de sucos especiais, como tangerina com pimenta rosa. Tudo isso para reunir cerca de 200 pessoas e lançar o empreendimento Marquise Ibirapuera, com imóveis a partir de R$ 5 milhões. "Os eventos são diferenciados e moldados de acordo com o perfil de cada público", explica o diretor de incorporação da empresa, Fábio Romano. A empresa já fez festivais de pizza e de massas, petiscos de boteco e até churrasco.

Para a apresentação do apartamento decorado de um empreendimento na Chácara Santo Antônio, na zona sul, a Gafisa levou uma mestre cervejeira, que explicava que tipo de bebida mais se adequava às comidinhas que estavam sendo servidas. Também houve degustação de cervejas gourmets artesanais.

Decisão. Romano, da construtora Yuny, diz que as empresas sabem que os clientes não vão decidir pela compra do imóvel apenas por conta do evento. "É um fator motivador, para que o pessoal de vendas traga um maior número de clientes para o estande", afirma.

Nick Dagan, diretor de incorporação da Esser, concorda que as promoções não são fatores decisivos para o cliente fechar negócio. "Mas se durante a degustação o cliente tiver acesso a um empreendimento que se encaixa na sua busca, conseguimos alcançar o resultado esperado", diz.

Tanta fartura pode acabar levando para os estandes visitantes que só estão interessados em comer de graça. "Isso é um risco. O que fazemos é sempre colocar nos convites que é indispensável apresentar o folheto, válido apenas para uma família e que é obrigatório ser atendido por um corretor", diz Rubens Júnior, diretor da regional São Paulo da construtora Rossi.

sábado, 4 de setembro de 2010

Quer viajar com o bebê? Escolha um hotel ''baby friendly''

Irene Ruberti - O Estado de S.Paulo
Se arrumar uma mala de viagem já dá trabalho, imagine ter de incluir na bagagem banheira de bebê, carrinho, papinhas, aquecedor de mamadeiras e outros apetrechos. Quem não quer viajar levando a casa nas costas já pode contar com vários hotéis com estrutura para recém-nascidos.


Nesses hotéis "baby friendly", os pais contam com uma copa aberta 24 horas, que tem tudo o que um bebezinho pode esperar: leite em pó de várias marcas, produtos para mingau, frutas. Além de berço e banheirinha no quarto e, em alguns locais, até carrinho de passeio. Não é preciso se preocupar com almoço nem jantar: das cozinhas de hotéis saem sopas e papinhas e alguns já oferecem até cardápio de bebê.

Recém-nascidos são bem-vindos em resorts à beira-mar e nas montanhas, hotéis-fazenda e mesmo hospedagens com filosofia zen. Ali podem usufruir do máximo da mordomia: a shantala, massagem própria para bebê.

"Em algumas temporadas, cerca de 40% dos apartamentos têm um bebê", conta Flávio Teixeira, do Recanto do Teixeira, em Nazaré Paulista. O hotel-fazenda já chegou a hospedar bebê de uma semana de vida. "A mãe tinha feito a reserva, o bebê nasceu antes do previsto e ela decidiu aproveitar para descansar."

O diretor do hotel Canto da Floresta, Luiz Mesquita, tem visto aumentar a frequência de casais com bebê. "Nos feriados, 50% dos hóspedes têm crianças de colo. Há cinco anos, por exemplo, esse índice era de 20%." Ele atribui a procura à estrutura que o hotel oferece. "Com todas as facilidades, a mãe fica tranquila e pode relaxar."

Entre as várias opções de massagens, desde o início do ano o hotel passou a oferecer também a shantala, técnica indiana que massageia o bebê com movimentos suaves e dura de 20 a 30 minutos. A mãe fica ao lado, acompanhando o profissional. "Depois da shantala a criança fica mais tranqüila", conta Mesquita. A massagem custa R$ 80,00.

"A gente fica despreocupado porque não é preciso deslocar a casa para o hotel", diz o promotor de Justiça Fábio Bechara, que já se hospedou algumas vezes no Royal Palm Plaza, em Campinas, com os filhos Fábio, de 4 anos, e Francesca, de 11 meses.

Além dos serviços, hotéis também oferecem recreação, mesmo para os menorzinhos. O Bourbon Atibaia tem várias atividades no Espaço Kids da Turma da Mônica, como a Cozinha da Magali, onde brincam com utensílios de plástico, podem empilhar tijolinhos de espuma do Cebolinha, assistir a teatro de fantoches ou filmes infantis.

Pesquisa. Pai de Carolina, de 3 anos, e de Rodrigo, de 1 ano e 3 meses, o analista de sistemas Ronaldo Silva dos Santos escolheu se hospedar no Bourbon após pesquisa na internet. "O que chamou atenção foi que eles têm uma boa área de recreação e piscina aquecida coberta, ótimas opções se o tempo não estiver bom", afirma.

Das sete piscinas do Recanto do Teixeira, uma aquecida e outra aberta são reservadas para os bebezinhos: têm 20 e 30 centímetros de profundidade , respectivamente. A turma do babador pode se divertir ainda em uma sala de brinquedos, com piscina de bolinhas, pelúcias e bonequinhos. No Cabreúva Resort, a sala dos bebês é chamada de Toquinha e além de brinquedos pedagógicos tem uma televisão com canais por assinatura infantis e DVDs de desenhos animados.

Na hora da alimentação, cardápio de papinhas
Alguns hotéis também oferecem aos pais-hóspedes as chamadas copinhas do bebê, equipadas com micro-ondas, liquidificador, esterilizador de mamadeira e cadeirão.

O Royal Palm Plaza, em Campinas, oferece até babador descartável em suas três copinhas. No Club Med Rio das Pedras, em Mangaratiba (RJ), a criança pode comer na copa especial ou com a família, no restaurante. Nele, há o cantinho do bebê, com papinhas industrializadas à vontade, leite e mingaus.

No Hotel Vacance, em Águas de Lindoia, o bebê recebe sua sopa das mãos do garçom. No check-in, os pais recebem um cardápio de papinhas, com versões batidas ou em pedaços, com carne, frango ou vegetarianas, e assinalam quais são as preferidas do pequeno gourmet. Quando a família chega ao restaurante, é só pedir. Há ainda a opção de entrega da comida no quarto.

No Hotel Cabreúva Resort, na cidade de mesmo nome, o cardápio tem papinhas de vários ingredientes e sobremesas, entre elas doces caseiros, frutas e petit suisse. Já o Bourbon Atibaia tem um restaurante infantil, com sopas e as primeiras comidinhas que entram no cardápio dos bebês, como arroz e caldinho de feijão. Mas os pais também podem solicitar papinhas na cozinha, indicando os ingredientes.

No baby room, um descanso para as mães
O Solar das Andorinhas, em Campinas, e o Hotel Cabeça de Boi, em Monte Verde (MG), estão entre os poucos consultados pela reportagem que oferecem monitores para cuidar dos bebês. A maioria dos resorts só tem monitores para crianças com mais de 3 anos.


No hotel de Campinas funciona o Solar dos Bebês, no qual pais podem deixar os filhos sob o cuidado de monitoras entre as 9 e as 23 horas. As babás brincam com as crianças, trocam, dão papinha e fazem dormir. "Assim a mãe pode fazer um passeio ou almoçar sossegada", diz a diretora do Andorinhas, Suze Frizzi.

No Cabeça de Boi, o baby room funciona das 10h às 21h30 e tem brinquedos, berços e trocadores. "O serviço é um diferencial e tem sido muito procurado", afirma o coordenador de recreação, Patrick Mouette.

Babá. Sem monitores ou baby room, a opção é o serviço de babá, cobrado à parte. O ideal é que o serviço seja solicitado já na reserva. Alguns locais trabalham com empresas terceirizadas, como é o caso do Royal Palm Plaza. Outros têm um cadastro de babás da região, como o Bourbon Atibaia. O período de seis horas sai por R$ 140.

Outra facilidade que não está disponível em todos os hotéis é o empréstimo de carrinho. O Club Med, o Bourbon Atibaia e o Royal Palm Plaza oferecem o serviço. "Temos mais de 150 carrinhos para emprestar aos hóspedes", conta o gerente-geral do Bourbon Atibaia, Mário Dias. Até o verão, o Eco Resort Tabatinga, em Caraguatatuba, pretende oferecer o empréstimo de carrinhos. "É uma comodidade a mais, porque o carrinho ocupa muito espaço no carro", diz Neiva Moretti, do setor de reservas e eventos do hotel.


Serviço


BOURBON ATIBAIA: WWW.BOURBON.COM.BR/BR/ATIBAIA
CABEÇA DE BOI: WWW.HCBOI.COM.BR.
CANTO DA FLORESTA: WWW.HOTELCANTODAFLORESTA.COM.BR.
CABREÚVA HOTEL: WWW.HOTELCABREUVA.COM.BR.
CLUB MED RIO DAS PEDRAS: WWW.CLUBMED.COM.BR.
ECO RESORT TABATINGA: WWW.ECORESORTTABATINGA.COM.BR.
RECANTO DO TEIXEIRA: WWW.RECANTODOTEIXEIRA.COM.BR.
ROYAL PALM PLAZA: WWW.THEROYAL.COM.BR.
SOLAR DAS ANDORINHAS: WWW.SOLARDASANDORINHAS.COM.BR.
VACANCE: WWW.VACANCEHOTEL.COM.BR.





terça-feira, 31 de agosto de 2010

Vertical radical


IRENE RUBERTI

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os corredores se preparam para a largada, mas não vão percorrer pistas nem circuitos de rua. Eles terão de vencer centenas de degraus para chegar ao topo do prédio.
É a corrida vertical, que já tem adeptos em vários países e acaba de chegar a São Paulo. O desafio é subir as escadarias de prédios no menor tempo possível.
A primeira prova no Brasil foi realizada domingo, no Edifício Nestlé, no Brooklin. A procura foi tão grande que as 600 inscrições se esgotaram antes do prazo.
"As metrópoles têm vocação para a corrida vertical, uma vez que 80% das pessoas moram ou trabalham em edifícios", diz Marco Scabia, sócio-diretor da Mix Brand Experience, agência organizadora do evento.
A modalidade é mais popular na Espanha, Alemanha e Inglaterra. Existe até um circuito mundial de Corrida Vertical, que inclui provas no Empire State, em Nova York, e na Taipei 101 Tower, em Taiwan, o segundo edifício mais alto do mundo.
Dez atletas estrangeiros participaram da prova em São Paulo, entre eles o italiano Marco De Gaspari, um dos mais rápidos do mundo na modalidade.
Entre os benefícios da corrida vertical estão a perda de peso, condicionamento cardiovascular e trabalho da musculatura das pernas.
O gasto calórico é dez vezes maior do que o da corrida comum. Ou seja, as calorias que um atleta gasta em 10 minutos subindo degraus, ele levaria 100 minutos para queimar correndo na rua.
A nutricionista Taciana Luciano já participa de corridas de rua há dois anos e resolveu experimentar a corrida vertical. "Eu nunca tinha ouvido falar e me interessei, achei curiosa", diz.
Para enfrentar os 765 degraus do edifício onde foi realizada a prova, Taciana reforçou os exercícios de musculação para as pernas e trocou o elevador pelas escadas.
Ao participar de um simulado da corrida, viu como é importante estar com as pernas fortalecidas. "É quase uma prova de explosão, exige mais força. Quando o fôlego acabar posso contar com as pernas", acredita.
As competições são curtas. Em edifícios como o da prova em São Paulo, com pouco mais de 700 degraus, os atletas de elite chegam ao topo em 4 minutos e os amadores completam a corrida com tempos entre 10 e 12 minutos.
Taciana afirma que a sensação de cansaço é diferente na corrida vertical e na de rua. "Na rua você sente um desgaste geral, do corpo inteiro; ao subir as escadas correndo, a respiração fica mais difícil, dá para perceber que exige mais do sistema cardiorrespiratório".
Para participar da corrida vertical em São Paulo, os corredores tiveram de apresentar atestado médico atualizado e um currículo das últimas provas que realizaram. Os homens foram a maioria entre os inscritos: 75%.
Para a caminhada vertical, opção para subir as escadarias andando, os números se inverteram e as mulheres totalizaram 75%.
As competições de corrida vertical são coordenadas pela Federação Internacional de Skyrunning, que já organizava escaladas ao ar livre e passou a promover as corridas em arranha-céus.
O risco de lesões nos joelhos não é maior na corrida vertical. "Quem tem a anatomia normal não terá problema com essa prática", afirma o cirurgião de joelhos Antonio Masseo de Castro, ortopedista especializado em medicina do esporte da Escola Paulista de Medicina.
Ele conta que algumas pessoas são naturalmente propensas, por causa de sua constituição física, a ter problemas na patela (parte da frente do joelho).
"Quando começam a praticar step, montanhismo ou ski, elas passam a apresentar dor e culpam a atividade física. Mas o problema já existia e só apareceu com a sobrecarga", afirma.
O preparador físico Marcos Paulo Reis explica que, ao fazer atividade em escada, o risco de lesão diminui na subida porque o impacto é maior ao descer os degraus.
Para quem quer começar a subir escadas para se exercitar, Reis alerta que os três primeiros andares costumam ser os mais difíceis. Passada essa primeira fase, a tendência é entrar no ritmo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Explosão, lado bom


IRENE RUBERTI

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A sensação de calor percorre o corpo, o coração dispara, a mente fica confusa: ataque de raiva a caminho.

Manter esse tipo de emoção sob controle é visto como sinal de equilíbrio. Mas novos estudos apontam que evitar a explosão pode fazer mal, tornando a pessoa mais tensa e fechada.

Na contramão do tão valorizado "controle emocional", especialistas defendem direito de todo mortal a um dia de fúria

Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, entrevistaram jovens que estavam entrando na faculdade. Concluíram que os que receberam maiores notas por suprimir emoções tinham mais dificuldade para fazer amigos.

Em outro estudo, pessoas instruídas a demonstrar indiferença ao comentar um documentário sobre bombardeios não conseguiam disfarçar a tensão nas conversas. De acordo com o estudo, as pessoas desenvolvem estratégias para controlar o que expressam, e essas técnicas se tornam subconscientes.

Não esconder a raiva pode até ajudar no desenvolvimento profissional, dizem os pesquisadores. Só uma explosão pode ser capaz de demonstrar, em alguns casos, o quanto se foi ofendido.

"Às vezes, é preciso mostrar o grau de absurdo de uma situação reagindo com espanto. Mostrar que se está perdendo o controle é um caminho para o outro perceber que limites foram invadidos", diz a psicóloga e psicoterapeuta Suely Mizumoto.

Não significa transformar o "rodar a baiana" em padrão. "É preciso usar a tonalidade emocional certa para se fazer entender: o importante não é o que é dito, mas como é dito", afirma Mizumoto.

Fazer uso constante dos mecanismos de controle emocional eleva o nível de tensão, que se manifesta em dores, estresse ou são base de doenças psicossomáticas.

"Sempre que não damos vazão às emoções e sentimentos, não temos vida plena. Há um colapso -e o termo é esse mesmo- do nosso equilíbrio", afirma Elko Perissinotti, coordenador do grupo de resiliência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A pessoa vai aos poucos se descaracterizando, por não lidar com conflitos e nunca discordar, diz Mizumoto. "O indivíduo pode chegar à depressão, fica triste com ele mesmo ao não revidar."

Qualquer posicionamento pode, por vezes, ser experimentado como oposição. "Isso obriga aquela pessoa que sente muita necessidade de se sentir aceita, a estar em constante posição de uma concordância aparente. Torna-se falsa para si mesma."

Às vezes, o ataque de fúria é desproporcional à situação que o causou porque foi alimentado por fatos anteriores, acumulados.

A auxiliar administrativa Marisa Massetti, 52, diz que prefere explodir a engolir sapo. "Até os 30, não era assim. Com o passar dos anos e os problemas que surgiram, aprendi a me defender."

Ela diz que procura sempre expor seu ponto de vista e conversar, mas, se for preciso, "arma um barraco".

"Reprimir a raiva causa um mal danado", afirma Vera Martins, mestre em comunicação e especialista em medicina comportamental.

Segundo ela, a pior forma de manejar emoções negativas é engolindo sapos. A reação ideal é a assertiva, que pode ser atrapalhada pelo medo. Medo de magoar os outros, criar conflitos, perder o emprego, por exemplo.

O trabalho é o ambiente mais fértil para que a explosão germine. "É o local onde a pessoa se sente mais ameaçada, cobrada", diz Vera, que dá consultoria de desenvolvimento em empresas.

A consultora fez uma pesquisa com 220 funcionários e detectou que 48% reagem de maneira defensiva: ou engolem sapos, ou são agressivos ou são dissimulados. "O problema é tomar decisões sob o efeito exclusivo da raiva, a pessoa se torna vulnerável."

Um estudo de Harvard mostra que a raiva pode ser benéfica para a carreira. Os empregados que não hesitam em defender seus pontos de vista são respeitados e lembrados para promoções.

Mas o resultado só é positivo se houver assertividade: acesso descontrolado de fúria não tem o mesmo efeito.




FÚRIA CALCULADA

A modelo gaúcha Aline Garcia, 20, diz que não se deixa intimidar pelas pressões do mundo da moda. "O cliente fala o que ele espera de um trabalho, mas eu sempre digo o que eu penso", afirma.

"É preciso se expressar, sim, mas não se deve ficar calculando as reações. À medida que vamos ganhando maturidade, mais automatizada estará a expressão dos sentimentos", diz o psiquiatra Perissinotti, do HC.

O ser humano fica mais capacitado a controlar seus impulsos e suprimir suas emoções à medida que cresce.

Crianças usam as mãos para esconder um sorriso, mas um adulto consegue disfarçar suas expressões.

Também é possível escolher as emoções, prestando atenção a um elogio e ignorando uma crítica. Estudo da Universidade de Brandeis descobriu que pessoas com mais de 55 anos têm mais facilidade do que jovens para focar imagens positivas quando estão de mau humor.

Perissinotti diz que quanto maior a percepção da realidade, maior a flexibilidade para lidar com confrontos.

"Todas as pessoas buscam independência, liberdade e felicidade, mas é preciso se conformar com uma pequena cota de cada; quem não se dá conta de que as três condições não existem em plenitude acaba se decepcionando."

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Realismo, imersão e mais emoção cativam consumidores do 3D

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Realismo, imersão e mais emoção são as razões apontadas para justificar o crescente interesse do público nas produções 3D, de acordo com um estudo conduzido pela PricewaterhouseCoopers no ano passado.

A pesquisa sobre entretenimento 3D ouviu mais de 90 envolvidos com a tecnologia em diversos setores, como estúdios de cinema, distribuidores de filmes, empresas de games e produção de televisão, além de fornecedores de equipamentos técnicos. O estudo listou alguns fatores que vão contribuir para o crescimento do mercado de 3D, embora ainda seja incerto o futuro da tecnologia em alguns formatos, como a televisão.
A melhor qualidade de imagem e a adoção de 3D digital, que torna mais fácil a adaptação de salas de cinema à tecnologia, é o primeiro fator apontado para impulsionar a tecnologia. Além disso, espectadores dos Estados Unidos e Europa se mostraram dispostos a pagar mais para assistir a produções em 3D. No Brasil, os principais exibidores têm cobrado um valor adicional entre R$ 5 e R$ 8.

O upgrade para high definition também removeu muitos obstáculos técnicos para produções em 3D. Outro fator, é que está crescendo o uso de recursos computadorizados que permitem a conversão de produções em 3D com custos extras limitados.

"Cada vez mais, a tecnologia 3D é aprimorada e o público se interessa por este tipo de filme. A oferta de filmes 3D também aumentou. Ano passado tínhamos um filme por mês, este ano já tivemos dois filmes com esta tecnologia em cartaz ao mesmo tempo", diz a diretora de Marketing da Rede Cinemark, Bettina Boklis.

O conceito de imagens em três dimensões tem quase um século, mas se tornou mais popular na década de 1950. Trinta anos mais tarde, houve um novo boom, liderado pelo Imax. Nos últimos anos houve um renascimento da tecnologia, com o surgimento de animações em 3D.

"É uma onda que parece mais duradoura que as anteriores. A situação é bem diferente do passado, as experiências antes não estavam conectadas com a produção. O 3D conquistou espectadores e a produção", diz Adhemar de Oliveira, diretor de programação do Grupo Espaço Unibanco e Imax.

O Imax começou a funcionar em São Paulo em 15 de janeiro de 2009 e só tem o que comemorar. Uma conjunção de fatores, como tela gigante, disposição dos assentos e som especial, permite uma imersão ainda maior nos filmes 3D. "O primeiro ano foi um sucesso e no segundo ano cresceu mais 40%", diz Oliveira. O investimento para abrir o Imax no Shopping Bourbon Pompeia foi de R$ 6 milhões.

O conjunto de aparelhos e softwares para adaptar salas pequenas de cinemas comuns à exibição de 3D custa de US$ 115 mil a US$ 130 mil, mais impostos e frete. Para receber um filme 3D, uma sala do tipo Dolby pode ficar com a mesma tela, precisa dar um upgrade no som e trocar projetor. O custo inclui ainda a aquisição dos óculos e a máquina de higienização. "É um reinvestimento numa sala, mas é um custo que compensa. Até porque o preço do ingresso 3D é maior", diz Oliveira. "Já tivemos sala com 100% de ocupação no mês, o que é raro num cinema."

O estudo da PricewaterhouseCoopers identifica algumas áreas onde o 3D pode se tornar popular mais rapidamente. Jovens que gostam de games de corrida de carros e lutas e os que vão ao cinema ver filmes de terror, animação e shows são os que mais devem se interessar por opções em 3D. Há ainda consumidores dispostos a pagar para assistir pela televisão jogos ao vivo e shows em 3D, além de pessoas que querem repetir em casa a experiência com filmes vistos no cinema.

A previsão é de que o entretenimento em 3D deva ter um crescimento liderado pelos filmes em 2011. A adoção em massa de tevês 3D não é esperada antes de 2012. A procura por equipamentos domésticos vai depender da oferta de conteúdo em 3D, em vídeos ou programação especial na TV.

As experiências para oferecer 3D na televisão também já começaram. A Sony em parceria com a Fifa está captando em 3D imagens de 25 partidas da Copa do Mundo, utilizando câmeras profissionais da marca.

Outra ação foi a captação e geração do sinal em 3D do Carnaval 2010, dentro do sambódromo do Rio de Janeiro, em conjunto com a TV Globo. Com a Rede Bandeirantes, a empresa fez a captação das imagens da Fórmula Indy, a primeira corrida em 3D no mundo.

Fora do Brasil, a empresa já firmou parceria com o canal esportivo ESPN para transmissão de jogos em 3D e com o Discovery Channel para criação de documentários. As imagens que hoje saltam das telas dos cinemas podem estar em breve na sala de estar.

Mercado se movimenta e amplia tecnologia 3D

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As imagens que saltam da tela e levam o espectador para dentro do filme estão movimentando o mercado de tecnologia 3D. As produções em terceira dimensão caíram no gosto do público, que não se importa em pagar mais pelo ingresso. Para atender a demanda, cada vez mais salas de cinema são adaptadas para as sessões especiais.

A experiência tem agradado tanto que já pode ser levada para casa. Televisores e games em 3D estão chegando às lojas. Em breve, até celulares contarão com o recurso. A tecnologia vai girando a roda da economia produzindo também equipamentos e acessórios próprios, como câmeras para filmagens em 3D, projetores, home theater, Blu-ray player e novas versões dos famosos óculos. Houve época em que eram de papelão, agora até já se fala em vender óculos 3D para que cada espectador vá ao cinema com o seu, inclusive, com correção de grau.
Hoje há no país 140 salas de cinema 3D, só em 2009 foram inauguradas 70 delas. E com elas cresceu também o público, que vinha caindo desde 2004. Os cinemas receberam 112,7 milhões de espectadores em 2009, ante 89,1 milhões no ano anterior.

Os filmes que renderam maior bilheteria em 2010 nos cinemas nacionais até este mês são justamente duas produções em 3D: "Avatar" e "Alice no País das Maravilhas". A renda geral com a arrecadação bruta da venda dos ingressos também subiu. Em 2005 foi de R$ 672 milhões e pulou para R$ 970,4 milhões em 2009, de acordo com levantamento do Filme B, portal especializado em mercado de cinema no Brasil.

"O público quer experiências impactantes, interativas e únicas. Os números comprovam a adesão a esse formato de cinema e nos motivam a investir em mais salas com esta tecnologia", diz a diretora de Marketing da Rede Cinemark, Bettina Boklis. A empresa mantém atualmente 49 salas no Brasil com projetor digital 3D.

Estudo da PricewaterhouseCoopers prevê que o entusiasmo com o 3D vai continuar. Como os ingressos são mais caros e mais gente está indo ao cinema, as bilheterias devem crescer 5,8% ao ano na América do Norte, passando de US$ 11,5 bilhões em 2009 para US$ 15,3 bilhões em 2014.

Na América Latina não deve ser diferente. Com o aumento da oferta de filmes digitais e 3D, além do incentivo a produções locais, as bilheterias devem ir de US$ 1,4 bilhão em 2009 para 1,9 bilhão em 2014, crescimento de 5,3% ao ano.

"O 3D colocou grande dose de espetáculo no universo do cinema e virou um fenômeno mundial", diz Adhemar de Oliveira, diretor de programação do Grupo Espaço Unibanco e Imax. "O interesse é grande porque o 3D torna o filme único, não tem pirataria neste formato."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Menos tensão, mais tônus


Folha de S. Paulo - Caderno Equilíbrio

Uma dor nas costas que chegava a causar dormência no braço incomodava o ilustrador Marcelo Almeida, 33. Os ombros dele estavam sempre encolhidos.

"Para mim, aquele estado de tensão era normal", diz. Depois das aulas de eutonia, ele se policia. "Agora, quando vejo TV, me dou conta que preciso soltar o ombro."


Na sessão de terapia corporal, a eutonista Maria Bortolo fala da importância do alinhamento ósseo

Eutonia é a terapia que busca equilibrar tensões do corpo por meio da consciência óssea e de estímulos sensoriais. Seu princípio: a tensão deve variar, flutuar sempre (eutonia significa "tensão harmoniosa"). Para ler, você não deve empregar a mesma força exigida em uma atividade física. Se o tônus ficar sempre alto, virão dores. Se for baixo demais, você beira o estado depressivo.

Um dos fundamentos é o contato da pessoa com o corpo. Além do toque, feito pelo eutonista ou o próprio aluno, são usados materiais para intensificar as sensações.

Bolinhas massageiam os pés, almofadas sob a coluna ajudam a perceber pontos doloridos, bambus "acordam" os ossos e massinhas de modelar são úteis para que o aluno molde a imagem que tem do próprio corpo.

PESQUISA SENSORIAL

Esse foco nas informações sensoriais é o "diferencial" da eutonia em relação a RPG, pilates ou antiginástica, diz a professora da Faculdade de Medicina da USP, Isabel Sacco, que dá aula no curso de formação de eutonistas.

Nesse método, o essencial é estar atento a cada sensação produzida pelo gesto ou pelo tato. "Quem faz eutonia pesquisa seu corpo", explica a eutonista Maria Thereza Bortolo.

Outro ponto é levar esse aprendizado para o dia a dia. Aproveitar a consciência corporal para melhorar a postura à frente do computador, por exemplo.

A fotógrafa Beatriz Serranoni, 37, faz aulas há seis meses. O peso do equipamento que carrega fez com que ganhasse artrose no pescoço.

"Com a eutonia, descobri que o meu problema não é só no pescoço. Sou toda tensa."

Não há, na eutonia, exercícios que exijam grande esforço. A aula termina sem suor, mas sem sonolência. "A sensação é de estado de prontidão", diz Márcia Bozon de Campos, da Associação Brasileira de Eutonia.

Trata-se de terapia corporal, mas que influencia o humor, segundo Márcia, que além de presidir a entidade é psicóloga e psicanalista de formação. "É útil nas desordens psicossomáticas", diz.

Quem se dedica à dança tem na eutonia uma aliada. A eutonista Miriam Dascal, bailarina, dá aula para colegas interessados em aprofundar suas capacidades corporais.

Já o eutonista Daniel Matos conheceu a técnica quando pretendia ser pianista de concerto. Estudar 10 horas por dia acabou lhe rendendo dor crônica nas costas. Hoje, ensina eutonia a músicos.

Para Matos, a rigidez na educação costuma ser fonte de dores, porque muitas possibilidades corporais nem são consideradas. "Temos nossa história impressa no corpo. A eutonia dá a chance de rever condicionamentos."

Limitação causou criação da técnica

A alemã Gerda Alexander queria ser bailarina, mas aos 16 teve endocardite, inflamação no coração. Foi proibida de se exercitar, não podia acelerar os batimentos cardíacos nem a respiração. Passou a pesquisar um jeito de usar o corpo sem desgaste. Estudou estruturas ósseas e efeitos de estímulos na pele, descobrindo como usar o tônus muscular no cotidiano. Na Segunda Guerra, Gerda mudou-se para a Dinamarca, onde viveu até a morte, em 94. Lá, fundou a primeira escola de eutonia. A técnica chegou à América Latina nos anos 70.

Onde, como, quanto

Uma sessão de eutonia custa, em média, de R$ 140 a R$ 220, dependendo do profissional. Aulas em grupo são mais em conta e duram cerca de uma hora e meia, enquanto sessões particulares têm duração de uma hora. Indicação de eutonistas e informações sobre cursos de formação podem ser obtidas no site da associação (www.eutonia.org.br) ou pelos telefones (11) 3085-1592 e 3815-0619. A eutonista Miriam Dascal faz workshop no próximo dia 27 (informações no site www.miriamdascal.com.br)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Alergia a alimento é mais rara do que parece



IRENE RUBERTI

Colaboração para a Folha

Na busca por um culpado para explicar indisposições digestivas recorrentes ou incômodos na pele, tornou-se comum atribuir o problema a algum tipo de alergia alimentar.

Mas as reações indesejadas a comida são menos comuns do que se pensa. "Poucos casos são confirmados depois de feita a avaliação alérgica", diz a médica Ariana Campos Yang, coordenadora do Ambulatório de Alergia Alimentar do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Uma das razões para explicar a "paranoia" com a alergia alimentar é que muitas vezes se confunde a doença com intolerância ou intoxicação, porque os sintomas são parecidos.

A médica do HC conta que recebe muitos idosos que se queixam de coceira na pele e, por conta própria, tiram alimentos da dieta atrás do vilão que causa o incômodo.

"Mas a coceira é provocada pela pele seca, comum em idosos, e um hidratante acaba resolvendo todas as "alergias alimentares" de que se queixam."

Embora muitas pessoas acreditem sofrer de alergia alimentar sem de fato ter o problema, casos reais demoram a ser diagnosticados porque os pacientes relutam em procurar o médico.

"O paciente vai retirando alimentos da dieta e se automedica com antialérgicos", diz Yang.

Para o vice-presidente da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia), Fabio Morato Castro, os casos de alergia estão aumentando. "Há mais pessoas com o problema e com alergia a novos alimentos, como frutas tropicais."

A explicação para o fenômeno não está definida, mas pode estar ligada a novos hábitos alimentares e ao uso de remédios.

As crianças têm mais alergia, principalmente ao leite e ao ovo. Entre adultos, os crustáceos são os que mais provocam reações, ao lado do trigo, da soja e do amendoim. Em muitos casos, a rejeição ao alimento desaparece na fase adulta.

Há um mês, o menino Gabriel, de 2 anos e 5 meses, começou a se coçar enquanto comia macarronada. Ele estava com o rosto, as mãos e os braços lambuzados de molho.

A mãe, a blogueira Thelma Torrecilha, limpou-o e notou que a pele estava vermelha onde havia molho. Uma semana depois, a comprovação: ao comer uma rodela de tomate com as mãos a vermelhidão voltou.

Ele comia tomate desde os seis meses, mas foi pelo contato com a pele que ficou alérgico.

"Ele gosta muito de tomate, então, agora, ninguém mais come aqui em casa", diz Thelma.

No caso de Gabriel, a tendência é que o problema suma com o tempo. Mas o inverso também ocorre: quem nunca apresentou problemas com um alimento começa a ter reações.

Falhas nos diagnósticos são comuns




Não há consenso na definição de alergia alimentar, muitos diagnósticos são falhos e os resultados dos testes têm interpretações diferentes, diz artigo do "Journal of the American Medical Association".
Segundo o alergista e imunologista da Universidade da Califórnia Marc Riedl, um dos autores do estudo publicado, 8% das crianças e menos de 5% dos adultos têm alergia alimentar, apesar de 30% da população acreditar que tem o problema.
Os autores do trabalho, encomendado pelo governo americano, avaliaram todos os artigos médicos que encontraram sobre o assunto, publicados entre janeiro de 1988 e setembro do ano passado.
Os pesquisadores concluíram que há muito material sobre o assunto, mas são poucos os estudos de alta qualidade, feitos com uma boa base de dados e testes rigorosos.
Segundo o artigo, os testes usados atualmente para identificar alergias alimentares não são totalmente confiáveis, o que pode levar, muitas vezes, a diagnósticos enganosos.
O vice-presidente da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia), Fabio Morato Castro, não concorda com o estudo. "Os testes feitos com técnicas adequadas são fundamentais e ajudam no diagnóstico", afirma o especialista.
O levantamento faz parte de um projeto organizado pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases, que pretende estabelecer novos critérios para o correto diagnóstico de alergias alimentares.
A primeira versão do trabalho, preparado por um comitê de especialistas, deve sair até o fim do mês que vem.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Crescem as queixas contra tratamentos ortodônticos

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando tinha sete anos, Bruna Arkalji começou um tratamento ortodôntico. Ficou com o sorriso alinhado e teve alta. Mas foi só tirar o aparelho que os dentes voltaram a entortar. Procurou outro ortodontista, a história se repetiu. E de novo.
"Passei por três dentistas e, ao todo, usei aparelho por quase 18 anos, de todos os tipos: fixo, removível, estético", conta a empresária, hoje com 30 anos. Para corrigir o sorriso e se livrar de dores na mandíbula, ela recorreu a um cirurgião, que lhe indicou mais um especialista. Bruna só conseguiu solucionar a questão com o novo tratamento ortodôntico, dessa vez combinado à cirurgia.
A história de Bruna é desagradável, e cada vez mais comum. "Está aumentando tremendamente o número de pacientes que se submetem a tratamento ortodôntico e não obtêm o resultado desejado", diz o ortodontista Kurt Faltin Júnior, membro executivo da World Federation of Orthodontists. Ele afirma que 30% de seus pacientes, hoje, são pessoas que já se submeteram ao uso de aparelho nos dentes e não ficaram satisfeitas.
Faltin diz que os pedidos de retratamento ortodôntico aumentaram muito nos últimos cinco anos. "A maior queixa é a questão estética, mas há casos em que a pessoa nem consegue mastigar direito", diz. A correção dos dentes fica mais difícil, depois de já ter sido feito um tratamento errado.
No Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), as denúncias de erros com tratamentos ortodônticos só perdem para os problemas com implantes, segundo o conselheiro Marco Antonio Rocco. Ele ressalva, porém, que fatores como mudanças fisiológicas e envelhecimento podem obrigar a pessoa a repetir um tratamento, mesmo que tudo tenha sido feito corretamente na primeira vez.

Proliferação de cursos
Para o presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor), Ronaldo da Veiga Jardim, grande parte dos problemas é decorrência da má formação profissional. Segundo ele, há uma proliferação de cursos de ortodontia, mas a maioria tem carga horária insuficiente e não oferece treinamento adequado. "Nos Estados Unidos há atualmente 65 cursos de especialização em ortodontia, no Brasil são mais de 500, sendo que apenas 22 têm mais de 2.000 horas-aula", compara.
A World Federation of Orthodontists recomenda 3.000 horas de curso. No Brasil, uma resolução do Ministério da Educação exige apenas 360 horas de aula para a especialização. "Além de não ter a carga horária necessária, muitos dos cursos aqui não oferecem programa completo, e falta ainda o atendimento clínico necessário para o profissional adquirir os conhecimentos básicos", afirma Faltin.
A preocupação com o aumento de problemas envolvendo tratamentos ortodônticos levou a Abor a promover uma campanha, com distribuição de panfletos em shoppings das principais capitais do país, alertando o público sobre o fato de o uso de aparelhos ir além da questão estética. Mais do que um sorriso bonito, o tratamento deve garantir boa mastigação e oclusão dos dentes e resultar em harmonia facial.
"O que nos motivou foi o excesso de tratamentos mal executados e de gente fazendo retratamentos. O tratamento errado pode provocar alterações musculares na face, perda de dentes e até dores de cabeça por sobrecarga nas articulações", alerta Jardim.
O paciente pode consultar o Crosp (www.crosp.org.br) para conferir se o dentista é especialista em ortodontia ou ortopedia facial. É bom checar se ele participa de entidade de classe.

sábado, 20 de março de 2010

Supermercados virtuais


IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não ter de empurrar carrinho nem enfrentar a fila do caixa são vantagens óbvias de fazer supermercado pela internet. Mas a comodidade tem um preço. É preciso desembolsar a taxa de entrega.
Os consumidores de São Paulo têm dois supermercados virtuais disponíveis: Pão de Açúcar e Sonda. A reportagem testou o serviço dos dois para comparar preços, facilidade de navegação, variedade de produtos e serviço de entrega. A lista de compras incluiu 20 itens: a metade foi comprada com marca pré-definida, como o sabão em pó e o refrigerante. Os outros produtos foram pesquisados só pelo tipo, como queijo minas frescal, para avaliar a variedade disponível.
O Sonda não tinha dois produtos da lista. O Pão de Açúcar ficou devendo um e apresentou mais opções. No quesito preço, o Sonda se saiu melhor. Retirando-se da lista os produtos indisponíveis e somando-se os valores dos 17 itens comprados nos dois, a conta no Sonda totalizou R$ 77,98, e a do Pão de Açúcar, R$ 84,56 (sem taxa de entrega), diferença de 8,5%.
Os dois sites são de fácil navegação. Depois de fazer o cadastro, o internauta pode digitar o produto que quer ou fazer a escolha navegando pelas seções. Às vezes, o item procurado não aparece na primeira tentativa e será preciso entrar com nova combinação de palavras. Ao digitar "papaia" no site do Sonda em busca da fruta, por exemplo, apareceu na tela um produto de limpeza com cheiro de flor de papaia. A fruta está registrada como "papaya".
Na entrega, o Sonda ganhou pontos. Os produtos chegaram em caixas de papelão, alimentos separados de itens de limpeza e higiene. Os congelados estavam OK. Na compra do Pão de Açúcar, parte veio em sacolas, um produto de limpeza vazou, e o sorvete chegou mole.
As duas redes registram crescimento de 20% a 25% ao ano. "Os consumidores estão confiando mais na internet para compras", diz Fabrício Ferreira, gerente de comércio eletrônico da rede Pão de Açúcar.
O Sonda traçou o perfil de seus clientes virtuais. O público pertence às classes A e B, 55% das compras são feitas por mulheres, 70% dos consumidores têm curso superior e 50% deles têm entre 30 a 39 anos.
O analista de sistemas Marcelo Bondia Siqueira, 39, faz compras pelo site do Sonda a cada 40 dias. "Tudo é bem embalado e chega em perfeito estado, até carnes e ovos", diz.
A blogueira Rosana Hermann usa o Pão de Açúcar Delivery desde quando as compras ainda eram feitas por meio de um CD-ROM que você recebia do supermercado e instalava no computador de casa. O sistema começou a funcionar em 1998 e o usuário tinha uma visão em 360º de todas as seções da loja. "Era complicado", diz Rosana, que considera o site atual visualmente muito bom. Mas ela reclama da perda de tempo para localizar produtos. "A busca não aproxima como no Google." Ao procurar nas seções específicas, é preciso entrar nas subcategorias até achar o item desejado, o que pode demorar.
O supermercado Econ também faz vendas pela internet, mas não foi testado porque só vende não perecíveis.

O melhor em preços

No teste, o Sonda prometeu a entrega para entre 12h e 18h. As compras chegaram às 12h20.
Os produtos estavam separados em duas caixas, mais quatro sacolas plásticas para perecíveis. O frango veio na sacola "congelados". Todos estavam bem conservados. Os bifes e a mozarela tinham sido embalados no mesmo dia.
De acordo com o Sonda, os produtos perecíveis ficam em câmaras frias na área de separação de pedidos e nos caminhões, com geladeira e freezer.
Buscar os produtos no site requer jogo de cintura. No caso do tomate sem pele em lata, o supermercado tinha quatro opções, só que duas só apareciam se fosse digitado "tomate sem pele", e as outras duas estavam como "tomate pelado".
Um escorregão (em benefício do consumidor): a alface pedida era a lisa, de R$ 1,99, e foi enviada a hidropônica, de R$ 2,60.
Segundo o Sonda, se algum produto estiver em falta na hora da entrega, o consumidor recebe a diferença em dinheiro.
O supermercado atende a Grande São Paulo, Guarulhos, ABC e Diadema. É cobrada uma taxa de R$ 11,90. Aceita pagamento em dinheiro e cartão. (www.sondadelivery.com.br).

O melhor em variedade


O Pão de Açúcar tem 13 mil itens no delivery. São 12 opções de filé mignon, contra 4 do Sonda. Há 22 tipos de queijo minas. O Sonda tem seis.
A entrega chegou no período combinado, mas o limpador Veja estava amassado, o produto vazou e molhou o sabonete. A lâmpada veio embalada em papelão e filme de PVC, e o desodorante, em um saco, mas estavam misturados a alimentos. Os itens de geladeira estavam em sacolas de perecíveis, mas o sorvete veio amolecido, e a bandeja de carne, ensanguentada.
O gerente de comércio eletrônico da rede, Fabrício Ferreira, diz que o caminhão tem três temperaturas para conservar os alimentos. Uma câmara para congelados, outra para resfriados e a temperatura ambiente. "A conservação é melhor do que se o consumidor tivesse ido ao mercado, porque é quase sem oscilação."
A entrega é gratuita nas duas primeiras compras e tem 50% de desconto na terceira vez. A partir daí é cobrado R$ 11,90.
Em São Paulo, atende capital, ABC, Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, Cotia, Jandira, Indaiatuba, Campinas, Piracicaba, Americana, Sorocaba, Itu e litoral. (paodeacucar.com.br).


Congelados ainda são ponto fraco


A entrega de alimentos congelados e resfriados é o ponto fraco dos supermercados virtuais, segundo indica uma pesquisa feita com 15 deles em sete capitais do país.
"O consumidor deve se recusar a receber produto deteriorado, exigindo a troca ou o reembolso do dinheiro", diz a advogada Polyanna Carlos da Silva, da Pro Teste, entidade que fez a pesquisa. Ela recomenda verificar se há água acumulada na bandeja do alimento ou se o produto está amolecido, como no caso de manteigas.
Quem comprou algo por engano ou simplesmente se arrependeu pode pedir para fazer uma troca ou receber o dinheiro de volta. No caso dos dois supermercados virtuais testados basta entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente e agendar um dia para a retirada do produto.
"Ao fazer uma compra fora do estabelecimento, o cliente não tem todas as condições de avaliação do produto, por isso pode desistir da compra", explica Guilherme Varella, advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). O artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor prevê, para compras por internet ou telefone, prazo de sete dias para desistência.
"Os supermercados precisam reproduzir nos sites, da melhor forma possível, as condições de compra em um mercado físico", diz Varella. Ao clicar em um produto, o consumidor deve ter acesso a detalhes como peso, tabela nutricional e alertas, como se o alimento contém glúten, por exemplo.